domingo, 28 de julho de 2013

relatos de uma bêbada

Ah, baby, como eu quero deixar você. Ah, baby, como eu sempre quis...

Alto piedade talvez. Penso que de tudo na vida você sempre foi minha última parada e aqui estamos. Já devia(mos) saber, não sou boa o bastante, não sei ser. Quem vai me condenar aqui? estou segura no mundo que criei pra mim e pra minha estúpida mania de vitimizar-me. Passei quase uma semana pensando em como estancar minha mediocridade e continua sangrando. 

Ainda me pergunto por qual razão voltou. Valho tanto o esforço ou a culpa pesa mais que ti? Não importa no fundo.

Confessarei uma tragédia como se não estivéssemos cheias dela: amo-te tanto que escolhi viver. Mas sei bem que não fui feita para a vida, sabe? Entenda, meu espírito niilista é maior que mim mesma. Céus! O mesmo céu que nunca vou alcançar. Oh, Deus! Outro que já me esqueceu. Se eu me esquecer de mim estarei salva, mas depois de 20 anos ainda não o fiz. Merda.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Das cartas que eu não mando com parágrafos intermináveis

Hoje eu acordei mais apegada que o normal. Vai ver é a gripe, vai ver é o clima frio que acaba sensibilizando qualquer coração de pedra. O que eu sei é que não foi uma saudade comum, não foi uma saudade disso ou daquilo, foi uma saudade de tudo e de todos. Acabei esbarrando na franqueza do meu próprio coração e a incapacidade de esconder que existe uma nostalgia acolhedora no tempo que passou. Que você estava nele junto com tantas outras pessoas que a vida levou não pude me permitir esquecer também. Acho que por isso ando extremamente insegura com o futuro, extremamente forçosa a fim de me manter no presente, seguindo em frente com brutalidade, embora eu saiba que não há outra possibilidade mais branda. Acho que não acertei o tom porque parei de escutar a música. E se você me perguntar o que significa isso tudo, vou dizer que não sei. Vou dizer que só consegui ir até a metade de tudo. Não sei se é hora de te largar também. Não sei se você vai ler isso, não sei se vai responder ou ao menos se vai enteder, honestamente seria bom que não entendesse porque meu texto é totalmente expontâneo e despretensioso. Bom, acho que vou parar por aqui, pois se tratando de quem está no meio eu não saberia chegar em lugar algum mesmo.

Ester Fidelis

Sou uma penteadeira

Não existe conforto quando tudo é saudade e a possibilidade de todo o resto também é. Encarar estar presa no presente sem todas as coisas que gostaria que estivesse presente é desgastante. Parei no meio segurando o que foi e o que vai ser e ambos os dois correspondem a vetores em lados opostos me anulando. Eu sei que existe uma carga nostálgica em ficar na cama por mais tempo do que deveria, mas passei a não compreender nada que não se encontre no perímetro da mesma. E por fim o medo de ser mobília me assalta novamente o espírito.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Das cem vezes que morri



  Hoje ainda não morri, acordei com paralisia imaginativa. Estranho se eu pensar que todos os dias morro pelas causas mais e menos improváveis. Das vezes que pulei em um piscina, eu não só me afoguei como bati a cabeça na borda, no fundo, tive o cabelo sugado pelo ralo e em todas as vezes sem exceção, eu morri. Já atravessei a rua e levei um tiro na cabeça, no peito, na barriga. Já recebi facadas e fui surrada. Capotagem, naufrágio, explosão, incêndio, quedas de todos os tipos. Lápis enterrado no meu globo ocular. Sem contar das vezes que eu própria me matei. Pulso cortado, enforcamento, sufocamento. Em todos esses casos eu morri. Pessoas choraram, sentiram a minha falta, superaram a perda e seguiram esquecendo. Hoje ainda não matei ninguém, não perdi ninguém, não casei, não menti a minha realidade uma vez sequer.

  Não me lembro bem quando tudo começou a ficar tão intenso, acho que morrer dia após dia foi minha forma de superar meus algozes. E ninguém vê isso. Tenho uma natureza mentirosa, doente. Sem contar pra qualquer um o que ainda me perturba vou criando mundos fantásticos. Já salvei a vida dela um punhado de vezes, já fui feliz outro punhado, me fiz esquecer de tudo, mas não o tempo todo.

  Vejo em flash. Fico na duvida sem saber quando estou inventado, quando estou lembrando. Será que aconteceu mesmo? Me pergunto. Estabeleço um padrão de vida sem identidade. Me perco. Travo uma luta histérica, carregada em conservadorismo inútil e tudo por medo de me assumir plenamente. Repressão não é uma prática, é um ensinamento. Eu tive anos para aprender, logo, mesmo condenando ainda aplico este saber em mim mesma (até hoje). Contudo, se me perguntar sobre isso e a razão de eu ser assim como sou, negarei. Assumindo a possibildade de eu estar morta bem ali na sua frente enquanto me questiona. Bem possível também que quem estivesse morrido fosse você.

Calma, permanecerei aqui. Não só por toda a obsessão  pela felicidade, mas pela obsessão por amar e pelo prazer de morrer cem vezes ao dia. Por você que gosta de mim, por ela que amo tanto, por sonhos que ainda tenho e conquistas que não fiz. Ao menos eu espero ser suficiente. Porque enquanto eu só imaginar estarei bem. Natureza mentirosa lembra?


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Quantas vidas queremos ter

Eu sou de ser pra sempre.
Porque na vida tudo cabe.
Não corro atrás,
perco de vista, mas é assim que a vida é.
Larga.
O demônio de uns,
a alegria de poucos e
a indiferença de muitos.
Eu sou.
O ser de ser pra sempre.

sábado, 1 de dezembro de 2012

A sorte de ainda termos o ainda

  Deveria ter ficado mais um pouco e sempre vou achar isso, mas só uma parte de mim. Eu não como direito sem você e nem seco o cabelo como se deve antes de dormir. A gripe mal curada? Ainda tá aqui. Não faço tudo o que deveria e sempre me atraso pras aulas.Tudo birra. Ainda quero que me note. Ainda quero. Ainda.

E.F

domingo, 25 de novembro de 2012

Pra acabar de vez com essa de ficar calado


  Já faz quase uma semana que eu vejo as pessoas se posicionarem sobre as cotas. Acho digno e proveitoso que queiram se expressar. Mais proveitoso ainda é o meu direito de perguntar : Qual é o seu problema?

  É triste saber que a sua origem não é humilde o bastante para você fazer uso da pequena brecha aberta para pessoas que teriam que triplicar seus esforços para conseguir o que os seus pais sempre tiveram a oportunidade de te oferecer? Sinto muito.

  Sinto ainda mais por eu ter tido (muitas e muitas vezes) que ir estudar sem café da manhã. da mesma forma que já fui sem mochila, já fui sem sapato e já fui só com um lápis e um caderno velho. Sinto muito ter ouvido piadas ridículas sobre a cor da minha pele ou sobre o meu cabelo. O curioso é que ainda escuto. Sinto muito não ter vindo de uma família tradicional burguesa e não ter tido a oportunidade de me alienar. Sinto muito nunca ter engolido o darwinismo social como querem que eu engula.

  Você veio de origem humilde e se considera pobre, mas não teve a oportunidade de entrar com cota na universidade? Repense o que é ser pobre. Já repensou, ainda se considera pobre e se orgulha de não ter entrado com cota? Parabéns, você é uma minoria, do mesmo modo que não é preto, indígena ou pardo. Acha que todas as pessoas deveriam ser como você e cota é porta de entrada pra vagabundo? Parabéns, se nada der certo você pode atuar como marionete do capital.

 Enfim, de cotista preta (que não se sente menos capacitada) pra quem quer que seja, vou te contar uma coisa: Não tem muitos negros fazendo arquitetura. Tá chocado? Eu não. Tenho certeza que se vontade fosse o bastante pra alguém ter oportunidade essa realidade seria diferente.