sábado, 26 de maio de 2012

Sou uma compota

    Sabe aquele pote de doce cujo sabor você sempre ouviu falar, mas nunca provou? Então. Você resolve que o quer. O cheiro é bom, a aparência é boa e tudo parece promissor. Com a colher na mão você torce para que valha a pena. A colher é mergulhada até o cabo, você suja a ponta do dedo e o leva a boca. Que sorte do pote de doce cujo sabor você nunca provou, pois seus olhos se fecharam ao passo que suas papilas o degustaram. Era surpreendentemente bom. Algo lhe dizia que só pararia de devorá-lo no fim. Você o leva consigo para todos cantos. O pote se acomoda em suas mãos e ganha confiança. Pena. Você perde as forças antes do fim, só restando ao pote acreditar na promessa de regatá-lo da geladeira. Coitado. Ele é trocado e esquecido. As prioridades vão chegando, sendo o fundo da geladeira seu destino. À esquerda do pote coisas que você não quis mais, à direita mais coisa que você também não quis. Ele repete para si mesmo: ''Ela disse que voltaria, ela disse que voltaria.'' Claro que ela volta. Volta tantas vezes que não se pode contar, porém, nunca para o pote de doce de sabor único. Do pote só resta esperança e como nada é eterno, por fim a esperança se acaba. Você por alguma razão ou por razão nenhuma se lembra do sabor bom ao ver o pote. Você o pega, o abre e lá está ele morto porque azedou. Tarde demais, você está atrasada.

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