sexta-feira, 8 de junho de 2012

As cartas que não entreguei

2.

 Anjo (desculpa, mas ainda não sou capaz de te ver de outra forma), ontem ao colocar minha cabeça no travesseiro lembrei de você com intensidade. Provavelmente não teve tempo de passar seus pensamentos por mim, porém, se o fez por um segundo garanto-lhe que fui capaz de ouvir. Caso não tenha feito, falha minha. Possível que eu tenha chacoalhado( agora percebo que nunca escrevi essa palavra) fortemente minha cabeça  e tudo não passou de lembranças lembradas.


  Enfim, é melhor que eu escreva tudo o que se passa na minha mente antes que a coragem se vá. Pensando em você me perguntei como anda. Sei lá, não sei se tem alguém que se interesse por seu dia, suas vontades, sonhos e futilidades como eu. Ainda me veste mal o papel passivo de ex-qualquer-coisa. Me pergunto se nisso tudo você não é quem está certa. Talvez dizer adeus sem pesar seja o caminho, mas por que eu ainda não o fiz? Creio que eu queira olhar fundo nos seus olhos antes de ir. Eu que sempre lhe acusava de má entendedora e é a mim que as meias palavras não bastam. E lá fui eu me desviar das motivações que me colocaram a empunhar a caneta. 

  Você já sentiu como se tudo que se ergue ao seu redor fosse falso ou ausente de conforto e em seguida desejou voltar no tempo em que você nem cogitava a possibilidade de tais questões? Às vezes procuro em mim certos momentos. Uns conquistei, mas outros ainda sinto me faltar para todo o sempre. Aqueles em que saber de você era divertido.Sinto falta de quando riamos como amigas. Sinto falta de quando riamos por ser bom. Eu era boa e você era boa também.


  É tão amargo tentar encontrar razões para seguir em frente. É tão chato não ter você na minha vida. Pensar que nos damos tão bem (e que já nos fizemos bem) torna o ato de renunciar um pecado. Só por isso sinto o desejo de querer ser sua amiga. Mas me desconforta a sua timidez sempre que tentamos nos reaproximar. Ok, talvez eu não ajude muito, mas quem pode me culpar? De tudo o que se foi só o vazio que a amizade deixou ainda incomoda. Deveríamos ter dosado na cumplicidade, não acha?

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