Lá estava a Ervilha. Sozinha e largada como a última migalha desprezada no prato. Aquela migalha capaz de ser devorada em um instante só pelo prazer do estranho ato de devorar. E assim seguiu a Ervilha. Se pôs à prova na esperança de um consumo rápido e imediato. Foram tantas mãos que não se pode contar os dedos. Ficou lá, curtida entre o amargor de ser abandonada e o mofo que a esperança lhe deixou pelo desejo de ser tragada.
''Ninguém? Será possível que a cobiça de tantos olhares não bastará nunca?'' Pensava sempre. Então ela viu o reflexo de si mesma Não estava no prato particular de alguém, muito menos tinha feito parte de algo maior (uma refeição). Sua vida era uma vitrine . Sentiu-se perder o valor.
A Princesa. Dessa não sei ao certo. É tudo do pouco que se ouve. Se me fosse permitido dizer, eu diria: ''Seu sorriso de tão terno e quente, quase suave, inunda.'' E o encontro deu-se assim.
A Ervilha ressentida, agora uma ervilha, não se movia mais. A Princesa bem disposta sempre encara com a cara escancarada por sua alegria. Questões e questões, por elas mais elas foi que se colocou a questionar. ''O que faz de você tão especial que não pode nem por um minuto pensar em me amar?'' Pergunta a Princesa. ''Tudo o que fez de mim um nada absoluto''. Responde a Ervilha.
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